Violência na intimidade: Crenças da comunidade Africana Lusófona residente em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.17575/psicologia.v35i1.1448Palavras-chave:
Violência na intimidade, Crenças, Comunidade luso-africanaResumo
Este estudo teve como objetivo identificar as crenças da comunidade luso-africana, residente em Portugal, sobre a violência na intimidade. Os participantes (n=70) responderam a um questionário online, adaptado da Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal. Os resultados apontaram para uma reduzida legitimação da violência, na intimidade, sendo a “pequena” violência a mais legitimada. Os participantes do sexo masculino, sem contacto com a problemática e que avaliaram os episódios como “não graves” apresentaram maior legitimação da violência. Os participantes de zonas urbanas e os residentes há mais tempo em Portugal apresentavam uma menor tolerância à violência. Dos participantes, 17.3% admitiu ter experienciado violência na intimidade, sendo maioritariamente do sexo feminino. Esta investigação visa contribuir para uma maior consciencialização sobre o tema, para a transformação progressiva dos discursos sobre violência na intimidade e para o desenvolvimento de ações político-legais que visem o combate à elevada ocorrência da violência na intimidade.
Downloads
Referências
Abrahams, N., & Jewkes, R. (2005). Effects of South African men's having witnessed abuse of their mothers during childhood on their levels of violence in adulthood. American journal of public health, 95(10), 1811–1816. https://doi.org/10.2105/AJPH.2003.035006
Alhabib, S., Nur, U., & Jones, R. (2010). Domestic violence against women: Systematic review of prevalence studies. Journal of Family Violence, 25(4), 369-382. https://doi.org/10.1007/s10896-009-9298-4
Caridade, S. (2011). Vivencias íntimas violentas: uma abordagem científica. Almedina.
European Commission (2016). Special Eurobarometer 449. Report “Gender-based violence”. European Union. http://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/ResultDoc/download/DocumentKy/75837
Félix, D. S. (2012). Crenças de legitimação da violência de género e efeitos de campanhas de prevenção: um estudo exploratório [Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa].
Garcia-Moreno, C., Jansen, H. A. F. M., Ellsberg, M., Heise, L., & Watts, C. H. (2006). Prevalence of intimate partner violence: findings from the WHO multi-country study on women's health and domestic violence. Lancet, 368(9543), 1260-1269. https://doi.org/ 10.1016/S0140-6736(06)69523-8
Gonçalves, M. & Matos, M. (2016). Prevalence of violence against immigrant women: A systematic review of literature. Journal of Family Violence, 31(6), 697-719. https://doi.org/10.1007/s10896-016-9820-4.
Haj-Yahia, M., & Shen, A. (2017). Beliefs about wife beating among social work students in Taiwan. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 61(9), 1038-1062. https://doi.org/10.1177/0306624X15621898
Haj-Yahia, M., Sousa, C., Alnabilsy, R., & Elias, H. (2015). The influence of Palestinian physicians patriarchal ideology and exposure to family violence on their beliefs about wife beating. Journal Family Violence, 30(3), 263–276. https://doi.org/10.1007/s10896-015-9671-4
Haj-Yahia, M. M., & Uysal, A. (2011). Toward an integrative theoretical framework for explaining beliefs about wife beating: a study among students of nursing from Turkey. Journal of Interpersonal Violence, 26(7), 1401–1431. https://doi.org/10.1177/0886260510369135
Hawcroft, C., Hughes, R., Shaheen, A., Utsa, J., Elkadi, H., Dalton, T., Ginwalla, K., & Feder, G. (2019). Prevalence and health outcomes of domestic violence amongst clinical populations in Arab countries: a systematic review and meta-analysis. BMC Public Health, 19, 315. https://doi.org/10.1186/s12889-019-6619-2
Krug, E. G., Dahlberg, L. L., Mercy, J. A., Zwi, A. B., & Lozano, A. R. (2002). World report on violence and health. World Health Organization.
Lansford, J. E., & Dodge, K. A. (2008). Cultural norms for adult corporal punishment of children and societal rates of endorsement and use of violence. Parenting: Science and Practice, 8(3), 257–270. https://doi.org/10.1080/15295190802204843
Machado, A., Hines, D., & Matos, M. (2018). Characteristics of intimate partner violence victimization experienced by a sample of Portuguese men. Violence and Victims, 33(1), 157–175. https://doi.org/10.1891/0886-6708.VV-D-16-00095
Machado, C., Matos, M., & Moreira, A. I. (2003). Violência nas relações amorosas: Comportamentos e atitudes na população universitária. Psychologica, 33, 69-83.
Machado, C., Matos, M., & Gonçalves, M. (2008). Manual da Escala de Crenças sobre Violência Conjugal (E.C.V.C.) e Inventário de Violência Conjugal (I.V.C.). Psiquilibrios Edições.
Machado, C., Matos, M., Saavedra, R., Cruz, O., Antunes, C., Pereira, M., Carvalho, C, & Capitão, L. (2009). Crenças e atitudes dos profissionais face à violência conjugal: estudos com profissionais de saúde, polícias e professores. Ata Médica Portuguesa, 22(6), 735-742. http://dx.doi.org/10.20344/amp.1739
Machado, L. (2010) Crenças e representações sociais dos adolescentes sobre a violência interpessoal [Dissertação de mestrado, Universidade Fernando Pessoa].
Ministério da Administração Interna, Sistema de Segurança Interna. (2020). RASI - Relatório Anual de Segurança Interna 2019. https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.aspx?v=%3d%3dBQAAAB%2bLCAAAAAAABAAzNDA0sAAAQJ%2bleAUAAAA%3d
Nascimento, E., Ribeiro, A. P., & Souza, E. R. (2014). Perceções e práticas de profissionais de saúde de Angola sobre a violência contra a mulher na relação conjugal. Cadernos Saúde Pública, 30(6), 1229-1238. https://doi.org/10.1590/0102-311X00103613
Neves, A. S., Cameira, M., Machado, M., Duarte, V., & Machado, F. (2018). Beliefs on marital violence and self-reported dating violence: A comparative study of cape verdean and portuguese adolescentes. Journal of Child & Adolescent Trauma, 11, 197-204. https://doi.org/10.1007/s40653-016-0099-7
Oxtoby, C. (2012). Taking a cultural perspective on intimate partner violence. [Unpublished Doctoral Thesis. Marquette University].
Rai, A., & Choi, Y. J. (2018). Socio-cultural risk factors impacting domestic violence among South Asian immigrant women: A scoping review. Aggression and Violent Behavior, 38, 76-85. https://doi.org/10.1016/j.avb.2017.12.001.
Tomás, A. E. (2016). A violência contra a mulher: Um estudo de caso nas cidades de Maxixe e de Nampula [Tese de Doutoramento, Universidade do Porto].
Tran, T., Nguyen, H., Fisher, J., & Mortimer, K. (2016). Attitudes towards intimate partner violence against women among women and men in 39 low- and middle-income countries. PLoS ONE 11(11): e0167438. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0167438
Uthman, O.A., Lawoko, S., & Moradi, T. (2009). Factors associated with attitudes towards intimate partner violence against women: a comparative analysis of 17 sub-Saharan countries. BMC International Health and Human Rights, 9, 14. https://doi.org/10.1186/1472-698X-9-14
Ventura, C. A., Frederico-Ferreira, M. M., & Magalhães, M. J. (2013). Violência nas relações de intimidade: renças e atitudes de estudantes do ensino secundário. Revista de Enfermagem Referência, 11, 95-103. https://doi.org/10.12707/RIII12120
Waltermaurer, E., Butsashvili, M., Avaliani, N., Samuels, S., & McNutt, L.A. (2013). An examination of domestic partner violence and its justification in the Republic of Georgia. BMC Women's Health, 13, 44. https://doi.org/10.1186/1472-6874-13-44
Wang, L. (2016). Factors influencing attitude toward intimate partner violence. Aggression and Violent Behavior, 29, 72-78. https://doi.org/10.1016/j.avb.2016.06.0
World Health Organization. (2014). Global status report on violence prevention 2014. World Health Organization.