A casa dos avós: O papel do contacto com os avós nas perceções idadistas de crianças do ensino básico
DOI:
https://doi.org/10.17575/psicologia.v34i2.1379Palavras-chave:
Preconceito, idadismo, crianças, contacto com os avósResumo
Existem evidências de que crianças a partir dos seis anos de idade já partilham a conceção paternalista das pessoas mais velhas como “simpáticas, mas incompetentes”. De forma inovadora, o presente trabalho visa estudar este tema no contexto português procurando explorar o papel da frequência e qualidade do contacto com os avós como uma via para a diminuição destas representações negativas. Para tal, 145 crianças do ensino básico (M = 12.14; SD = 0.81) responderam a um inquérito com o intuito de explorar a relação entre estas variáveis. De acordo com as hipóteses, os resultados revelaram um elevado grau de contacto com os avós e um efeito significativo da frequência e da qualidade do contacto na diminuição do idadismo face às pessoas idosas. Estes resultados são discutidos à luz das suas implicações para a teoria e intervenção neste domínio de relevância crucial no contexto demográfico atual.
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