A propósito da síntese da identidade na adolescência
DOI:
https://doi.org/10.17575/rpsicol.v8i3.741Palavras-chave:
-Resumo
Implicando a síntese da Identidade na adolescência a identificação às funções parentais, sem exclusão das partes infantis do self que delas dependem, todo o processo identificatório é marcado por uma maior ou menos angústia persecutória e depressiva de acordo com a tonalidade emocional que mais fortemente imprimiu as relações de dependência infantil. A criança oscila entre o reconhecer-se pequena e dependente e fantasias compensatórias de cariz arrogante e omnipotente. A puberdade, com o amadurecimento do corpo dessincronizado do amadurecimento psíquico, acentua esta oscilação. Pela identificação projectiva no grupo de iguais e noutras relações, o adolescente põe à prova a qualidade e consistência dos seus introjectos e oscila ainda entre angústias agorafóbicas pela ameaça de difusão de identidade e a angústia claustrofóbica de ficar para sempre prisioneiro do continente relacional familiar, sentido como demasiado estreito para a expansão da sua identidade. Ilustrando esta oscilação com as Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll e algumas vinhetas clínicas, a autora procura ainda pôr em evidência a pertinência destes movimentos na compreensão de pacientes cujo self se encontra confundido com os objectos internos, ou nos casos em que a qualidade introjectada das relações infantis é tão intolerável que em vez de uma síntese harmoniosa, mantêm, empobrecendo-se, uma exclusão as partes carenciadas e infantis do self.