“The place I long to be”: Processos de resiliência em migrantes
DOI:
https://doi.org/10.17575/rpsicol.v30i2.1111Resumo
As migrações têm sido abordadas através de estudos com um enfoque particular nos obstáculos e dificuldades, nomeadamente no contacto com o país de acolhimento. Reconhecendo que migrar é um processo complexo que envolve várias dificuldades importa compreender o modo como os migrantes superam a adversidade, bem como se torna importante conhecer os recursos mobilizados para serem culturalmente ajustados. Partindo da perspectiva teórica da resiliência, este estudo procurou compreender os contextos de adversidade, recursos e ajustamento dos migrantes cabo-verdianos em Portugal, que migraram para continuar os estudos no ensino superior. As 10 narrativas biográficas recolhidas revelaram significados das suas trajetórias de vida, tanto no país de origem como no país de acolhimento. A análise das narrativas permitiu compreender a diversidade dos processos de resiliência entre os participantes. As adversidades relacionaram-se com duas principais dimensões; as diferenças culturais e as relações interpessoais com os portugueses. Ao nível dos recursos, foi salientada a importância da diáspora cabo-verdiana na chegada ao novo país. Ao longo do tempo de permanência, para alguns migrantes, este permaneceu como o principal recurso, no entanto, outros foram desenvolvendo pertenças e vinculações significativas num contexto mais alargado. Em termos de ajustamento cultural, surgiram diversas configurações, sugerindo a natureza fluida do processo de resiliência, que pode ocorrer numa multiplicidade de formas.