Aspectos psicológicos do envelhecimento

Autores

  • João Barreto

DOI:

https://doi.org/10.17575/rpsicol.v6i2.796

Palavras-chave:

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Resumo

Passando em revista as principais modificações nos domínios intelectual e afectivo que se observam nas idades avançadas, chama-se a atenção para a grande variabilidade inter-individual que caracteriza o envelhecimento psicológico. As investigações longitudinais vieram pôr em causa a noção de um declínio intelectual global e progressivo, e evidenciaram que certas aptidões podem mostrar-se estáveis ou mesmo aumentar até uma época tardia, enquanto outras decaem mais precocemente. A queda terminal que eventualmente se observa estará mais relacionada com a doença do que propriamente com a idade. Os factores limitantes ligados a esta última, designadamente a lentificação e a dificuldade no processamento controlado da informação, parecem ter um papel menos determinante na eficácia cognitiva que outros factores como a educação prévia e o grau de actividade. Existe pois, um certo grau de «plasticidade» que justifica a importância da estimulação intelectual na pessoa idosa. A mesma variabilidade entre indivíduos se observa no envelhecimento da personalidade. Embora se possam descrever modificações mais ou menos gerais, elas são menos significativas que as transformações específicas de cada indivíduo. Por outro lado, parecem ser relativamente constantes ao longo da vida os objectivos pessoais e o conjunto de reacções adaptativas utilizado para os atingir: os mecanismos de superação e defesa mostram-se mais variáveis de pessoa para pessoa do quem em função da idade na mesma pessoa. Assim, ao envelhecer, a personalidade enriquece-se e diferencia-se; só nas fases terminais se assiste por vezes a um certo nivelamento, devido em grande parte à doença. Sendo assim, diferentes os padrões de comportamento perante as transformações internas e externas da idade avançada, não parece lícito que se defenda a manutenção da actividade, ou inversamente o desligamento, como norma geral para conseguir a máxima satisfação pela vida. Estudos multidisciplinares têm mostrado que o processo adaptativo implica frequentemente um desligamento temporário, ou selectivo, relativamente a certos papéis periféricos, com o assumir posterior de novos papéis sociais e familiares. Um certo grau de actividade e interacção social parece, assim, ser condição de sucesso na adaptação da maioria dos idosos. E isso não só porque, certamente, lhes proporciona mais oportunidades de gratificação, mas sobretudo porque contribui para lhes manter a auto-estima, condição fundamental para que exista satisfação de viver.

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Como Citar

Barreto, J. (1988). Aspectos psicológicos do envelhecimento. PSICOLOGIA, 6(2), 159–170. https://doi.org/10.17575/rpsicol.v6i2.796

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