As circunstâncias históricas e a construção da memória social do descobrimento do Brasil

Autores

  • Lucia Maria Paschoal Guimarães

DOI:

https://doi.org/10.17575/rpsicol.v17i2.449

Palavras-chave:

-

Resumo

A passagem do quinto centenário do descobrimento do Brasil ensejou, além das celebrações oficiais, a realização de diversos trabalhos no âmbito académico. Neste sentido, dentre outras iniciativas, destaca-se o projecto desenvolvido no campo da psicologia social, por especialistas brasileiros e portugueses, que se debruçaram sobre o estudo das representações do descobrimento das duas margens do Atlântico, antes e depois das comemorações, com o objectivo de investigar a actualização da memória social daquele evento. Lucien Febvre, um dos fundadores da chamada escola dos Annales, movimento que revolucionou a historiografia no século XX, nos seus Combates pela História, costumava alertar os historiadores para a prática dos estudos interdisciplinares. Destacava, em especial, a importância da psicologia social para a história, uma vez que defendia a necessidade de compreender os processos de construção do que denominava de utensilagens mentais. Ou seja, o modo como as representações são produzidas, conservadas, elaboradas e transmitidas por um grupo, através da interacção de seus membros. As relações entre a psicologia social e a história, contudo, ultrapassam as possibilidades apontadas por Febvre. Constituem-se em uma via de mão dupla, por assim dizer. Se, por um lado, a teoria psicossocial das representações sociais pode contribuir para a exploração dos fenómenos sociais da memória, por outro, o método histórico ajuda a determinar em que circunstâncias históricas essa memória se forjou, permitindo identificar quais os elementos que, ao longo do tempo, interferiram na dialéctica da lembrança e do esquecimento. Com base nessas premissas, são comentados os resultados de uma das investigações – empreendidas pelos psicólogos sociais que se ocuparam da problemática da actualização da memória social do descobrimento do Brasil. Uma ocupação especial, a propósito da existência de uma imagem comum e extensamente difundida do descobrimento, é concedida às relações entre a construção do saber histórico e a sua actualização pelo ensino básico e pela comunicação de massa.

DOI: http://dx.doi.org/10.17575/rpsicol.v17i2.449

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Como Citar

Guimarães, L. M. P. (2004). As circunstâncias históricas e a construção da memória social do descobrimento do Brasil. PSICOLOGIA, 17(2), 293–300. https://doi.org/10.17575/rpsicol.v17i2.449

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