Transformações das representações da violência no contexto escolar: Da definição dos especialistas à definição dos alunos
DOI:
https://doi.org/10.17575/rpsicol.v18i1.409Palavras-chave:
-Resumo
Apresentamos uma investigação sobre a violência no contexto escolar realizada na Suiça francófona. A orientação teórica fundamenta-se no processo de transformação da representação social da violência no contexto das análises que os especialistas e os leigos fazem de agressão. Diferentes definições da violência são discutidas na perspetiva desenvolvimentista da identidade social e das dinâmicas das relações escolares. Os resultados indicam que a representação da violência e dos actos de agressão diferencia claramente os alunos e os docentes. Estas diferenças são particularmente importantes na avaliação dos actos de agressão “fraca” na vida quotidiana e na percepção do carácter legítimo e ilegítimo do uso da força. As agressões cometidas sobre os, ou pelos, alunos dependem em grande parte da legitimidade conferida ao uso da força pelos autores dos actos. Os nossos resultados apoiam a hipótese de que as relações violentas são ancoradas no quadro mais geral das relações escolares. Na medida em que os alunos se distanciam dos docentes por causa das dificuldades com o trabalho escolar, a família ou a integração, eles adoptam posições e acções que se afastam dos modelos defendidos pelos docentes e os adultos ou se opõem a esses modelos. Neste sentido, a representação da violência torna-se mais complexa e mais polémica na sociedade, particularmente quando as crianças são consideradas como sujeitos ou objectos de agressões.