Diferenças de cultura entre instituições de ensino superior público e privado: um estudo de caso
DOI:
https://doi.org/10.17575/rpsicol.v21i1.354Palavras-chave:
-Resumo
A presente investigação tem por objectivo verificar se existem diferenças de cultura entre duas instituições de ensino superior: uma do sector privado e outra do sector público. Procura-se verificar uma maior tendência das universidades privadas por uma abordagem no Modelo de Regulação por Mecanismos de Mercado (Correia, Amaral & Magalhães, 2002). Espera-se, neste sentido, que a instituição privada possua uma orientação de cultura mais vocacionada para o exterior e a universidade pública, possuindo maior dependência do estado, assuma uma maior propensão para os processos internos. Este estudo integrou uma metodologia quantitativa, com a utilização de um questionário baseado no Modelo dos Valores Contrastantes de Quinn e McGrath (1985). O questionário foi devidamente adaptado para medir a dimensão cultura escolar. Por outro lado, recorreu-se a uma metodologia qualitativa, com a utilização de um guião de entrevista estruturado, baseado nos modelos teóricos de cultura organizacional e escolar (Bergquist, 1992; Quinn, 1991; Schein, 1992; Torres, 1997). O questionário foi aplicado a 62 colaboradores da universidade pública e 52 colaboradores do sector privado. Aplicou-se também um conjunto de 10 entrevistas, na instituição de ensino superior público, e 8 entrevistas, na instituição de ensino superior privado. Os resultados revelaram valores médios de cultura superiores na universidade privada, contudo, as diferenças significativas (p<0,05) demonstraram uma maior orientação para o mercado, enquanto padrão de cultura marcadamente assumido no ensino superior privado. O estudo revelou ainda uma maior preocupação burocrática (p<0,05) na universidade privada, com referência às regras e padrões de comunicação formais. A universidade pública denotou, por intermédio da análise discriminante, uma maior aproximação a culturas do tipo Clã. Esta medida foi interpretada pela forma informal com que os diversos agentes escolares interagem entre si.Verificou-se ainda alguma intenção das chefias de ambas as instituições de ensino superior em evoluir para padrões de flexibilização nos procedimentos de desenvolvimento de novos produtos de ensino.